sábado, 24 de fevereiro de 2018


Comunicação
(in: Vida-Lida.Tereza Cristina Pinheiro Souza.Infographics.2016)

Gosto da linguagem do nosso olhar
É a conversa mais longa que temos
Eternizando o nosso sentimento.


Gosto de sentir você
Mesmo bem longe daqui.

Tão real em minha vida.
Com vida própria.

Neste minuto, um presente,
Contidos em muitos anos:
O mundo, eu e você!






domingo, 18 de fevereiro de 2018

Jubileu de Jorge Pi





Jubileu de Jorge Pi : meio século de vida!
Tereza Cristina
Aos quarenta e dois anos de idade, minha mãe pariu seu terceiro filho. Aquele que seria o único a possibilitar a continuidade de suas células através dos netos que viriam: Ian e Sofia. Aos dezenove dias do mês de fevereiro do ano de hum mil e novecentos e sessenta e oito, precisamente às dez horas da noite, nascia, na Maternidade São José, de parto normal, Jorge Luiz Pinheiro Souza (o melhor parto dos três, contava ela). Sempre notei que ela tinha por ele uma predileção maior. Isto nunca me incomodou. Ao contrário, me fazia crer que, apesar de amar os três filhos por igual, essa preferência era um sentimento natural. Quem sabe, poderia ser explicado na lembrança que tenho de uma prima da minha mãe chamada Cilinha, que era adepta da Doutrina Espírita e insistia em afirmar que Jorge Luiz seria a reencarnação do meu avô Boanerges. Minha mãe que, apesar de ser Católica Apostólica Romana, no fundo dava margem ao seu subconsciente devido ao extremo amor que nutria por seu pai. Nunca a questionei sobre essa razão, mas minha conclusão se deve ao modo que implicitamente ela deixava transparecer em frases sutis do seu cotidiano.
Jorge Luiz, meu irmão mais novo, chegou dez anos depois de mim. É o filho que trouxe na sua genética traços semelhantes à família de meu pai. Quando abriu os olhinhos pela primeira vez encantou minha mãe pelas duas contas azuis (como assim ela dizia) e pelo dourado em sua cabeça. Todo vermelhinho, trouxe a herança da pele dos nossos antepassados ingleses que, segundo meu pai, eram colonos imigrantes fugitivos dos conflitos que promoveram a primeira guerra mundial.
Sua vinda ao seio de nosso lar fora um motivo de júbilo por demonstrar ser uma criança saudável, ao contrário do meu segundo irmão, Luiz Eduardo, que sofrera uma paralisia cerebral no momento do seu nascimento, deixando-lhe sequelas físicas e mentais, comprometendo, assim, o seu desenvolvimento.
No entanto, ao contrário do que pareceu inicialmente, nem tudo estava tão bem, pois foi detectado em Jorge Luiz um defeito ortopédico nos seus dois pés. Felizmente dessa vez haveria jeito com tratamento pré e pós-operatório. Para tanto foi preciso a iniciativa de meu pai que, apesar do pouco estudo, sempre teve uma visão larga da vida. Sem medir esforços, dedicou-se a  buscar todas as condições necessárias e,  assim,  conseguiu reverter o quadro estético e anatômico do seu rebento.
A partir dessa luta com resultado satisfatório surge um efeito psicológico muito positivo que se estendeu aos demais aspectos da nossa família. Os raios de esperança trazidos nos dourados de sua cabecinha favoreceram um surgimento de novos e belos dias.

E, então, a vida prosseguiu com marcas de alegria através de uma criança que, chegando para integrar, serviu de motivação ao desenvolvimento do querido Dudu. Tal como um renascimento, a vida voltou à sua normalidade e em sequência de ocasiões festivas que teve o seu começo na primeira Escola, seguida de brincadeiras com amigos da vizinhança até o despertar para a inabalável Fé. Sua Primeira Comunhão foi registrada por minha mãe com uma fotografia que simula uma intimidade com Jesus, o Mestre, Este mesmo Jesus que lhe encaminhou aos estudos místicos da Rosa Cruz e às reflexões que culminaram num  Déjà Vu .

 Essa experiência ocasionada por volta dos seus dezessete anos de idade lhe despertou para a poesia trazendo à tona o livro “A Pedra Azul”, e se desdobraria em um CD, que iria ser chamado de "Soar d'A Pedra Azul", numa parceria musical com o amigo e Músico por formação, Natan Carvalho.

Estabeleceu em seu cotidiano a disciplina como meio de conseguir o que almeja. Uma vida pautada em boas leituras, amizades sólidas e na busca pela ética foi um legado da nossa mãe Maria (in memoriam).

Jorge Luiz se intitula na sua vida adulta como Jorge Pi, e, no seu ofício simples que vem exercendo a quase três décadas na Caixa Econômica Federal, orgulha-se em desempenhar sua tarefa de importância social, mesmo que esta aparentemente não tenha lhe rendido grandes dividendos. Conforme suas palavras, renderam-lhe mais frutos das boas energias oriundas da gratidão daqueles que precisam do seu trabalho.

Comedido em tudo que se propõe a fazer, caracteriza-se com modéstia como o fez ao denominar seu blog: www.pinininho.blogspot.com.br  e onde podemos ler:

 

Pequenino como um grão de areia na praia...

                 Pequenino por que não poderia ser outra coisa!

                 Pequenino em tudo aquilo que me arvoro a ousar e não obtenho êxito.

                 Pequenino em comparação à minha própria dimensão eterna e infinita que me abarca a memória e me destrói a dureza de ser leve como pluma ao vento...

                 Pequeninamente pequenino como um pé que nina um pequenino ninho de um menino-ave que se lança em pequenino voo.

                  Eis-me!

                  E não me iludo, no entanto, quanto ao iluminado senso de me fazer notado como quem se despe e torna a se vestir de nudez opaca, simulando vestes, revelando-se outro que não seja o mesmo a se esconder em trevas claras e sentidos turvos.

 

 

Jorge Pi, que se diz um peregrino e buscador da Rosa no centro da Cruz, graduou-se, pela UFS, no Curso de Filosofia,  Pós-Graduaou-se em Metodologias de Ensino para a Educação Básica (UFS). Membro da Academia Itabaianense de Letras - AIL (Cadeira 007), é músico (compositor), poeta (amador) e místico (entendendo-se misticismo enquanto conhecimento + experiência). E, como se autodefine: um Amante do BEM!

Jorge Pi, em seu Jubileu, todas as suas pegadas confirmam que seus pés, mais que restaurados, estão firmes. Se para eles a anatomia foi devedora da normalidade, com a anomalia, a Natureza anunciou que estaria chegando entre nós um andarilho não de chão, mas de acordes, palavras, sentimentos e valores humanitários. E, só dessa forma, sua vida tem sentido.

Neste dia, certamente nossa mãe em outro plano que o Criador permitiu, ainda lhe protege e cuida com o mesmo amor que tantas vezes lhe embalou para dormir cantando: “zoi zu, zoi zu, zoi zu, zu...” (uma composiçãozinha dela própria, que, inspirada no encantamento dos seus olhinhos ainda azuis de recém-nascido, fez dela a compositora com o acalanto mais lindo que já ouvi). Certamente estará ao coro dos Anjos, rendendo-lhe dividendos das graças que solicitava na sua devoção à Nossa Senhora da Conceição e que, sendo a Mãe do Menino-Deus, não faltará.

Por tudo que você se construiu a partir dos próprios méritos, somos orgulhosos em tê-lo como membro de nossa família!

Eu (Dindinha), em nome de Papai (Seu Bebé), Dudu (Bibi), Ian e Sofia, desejamos que sua missão esteja apenas começando e o melhor esteja no porvir!

Parabéns pela sua vida, Jorge Pi!  

 







quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Dedo de Prosa




Um dedo de prosa com a poesia
Tereza Cristina
Aqui, comigo mesma, experimentando sentimentos universais, converso com os meus botões e não me permito estar sozinha.  Recordo situações que vivi e, de tão gratificantes, ficaram cá dentro de mim... Agora elas surgem como acordes musicais me dando a chance de saborear lindas melodias e na dança da vida, ensaiar novamente passos sincrônicos.
Desde que outros passos aumentaram a velocidade, meus pés não puderam alcançar mais os seus. E, nos rastros deixados por eles, ficaram anotações das coisas do coração. São lembranças vivas que insistem em permanecer na minha memória afetiva tramando um eternizar do sentimento. Lembranças que de tão claras se confundem com a vida presente e se fazem um presente que a vida me dá. Essas lembranças me servem para guardar momentos como que buscando preencher o vazio deixado pela sua ausência.  Foi então que conheci o poder do monólogo. E a partir daí, nunca mais a solidão me apavora.
Nos caminhos da vida, cruzamos com pessoas que aprendemos a amar. Mas, elas nem sempre seguem os trilhos que nós escolhemos. No entanto, suas imagens gravadas em nossa alma nos fazem sentir acompanhados ainda que as distintas direções não tenham permitido as suas companhias. É desse modo que aprendemos a superar a dor da separação daqueles que amamos.
Porém, a separação nem sempre é definitiva aos nossos olhos. Como a vida é uma roda, em círculos andamos. E, se uns passos aceleram a velocidade por isso mesmo podem muito bem reencontrar os que não tiveram pressa alguma.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Meus Sessenta

                                                    "09 de fevereiro de 2018"                                                                       
Aos três anos de idade

                                                  



Meus sessenta anos de vida!
Tereza Cristina
Então, virando a página dos cinquenta, encontro-me tão incompleta e tão criança quanto aos três anos de idade. De década em década, venho buscando um alvo que me faça Ser e encontrei em todos os momentos que amei o melhor jeito de viver. Mesmo naqueles em que o engano foi a causa da decepção. Mesmo quando o meu amor não surpreendeu e nem foi suficiente. Mesmo quando alimentei dentro de mim a esperança de um amor que nem amor foi... Mesmo em situações que o descaso não deixou visível o amor. Mesmo quando os caminhos cruzados se distanciaram sem nenhuma explicação. Mesmo quando, com todo amor, a insegurança não permitiu sua sobrevivência... Em todos os momentos que amei, mesmo que não tenha sido compreendida, que não pareceu ter valido a pena, valeu!
E se me refiro ao amor, amplio a compreensão para as minhas escolhas. Todas. Desde as pessoas aos afazeres. Em tudo, adotei o afeto como premissa. Cada coisa que me envolvi foi de corpo e alma. Não deixei que espaço nenhum na minha vida ficasse vazio desse sentimento. Muitas vezes pela dedicação exagerada, pela ausência de racionalidade, me debrucei na imensidão do amor e nela me esqueci de mim. E ninguém que de si se esquece, obtém êxito. O êxito vem do amor próprio. Mas, se pelas horas entregues com amor é que por vezes me esqueci de mim, ao mesmo tempo, foi o amor que nunca saiu de mim que me fez superar tudo. E conclui que não basta o amor sem amor. Cada momento requer envolvimento total. Que tenho que amar no amor e dele nada esperar.
E, se até aqui a vida me deu respostas severas, é o amor que tem me ajudado a aprender com todas elas. Lições importantes como ter que me desprender de cobranças. Lições de amor que me dão paciência necessária a seguir mesmo sem juventude. Lições fundamentais que clareiam minha mente sobre as cobranças do mundo e principalmente, as minhas próprias cobranças. Amar a mim mesmo é uma lição a aprender. Gostar de minha companhia e nela crescer para melhor amar as pessoas e tudo que for construir. Atitudes de perdão, de caridade, de serenidade, de humildade deverão permear meus passos, doravante. Buscarei a vida com um amor mais maduro. Terei um amor maduro. Serei um amor maduro. Ajudarei a mim mesma a superar crises deixando que mesmo nessa maturidade nunca falte a inocência e a alegria da infância de minha vida.
Bem vindos, Sessenta anos! Mas, de antemão  lhe aviso: não espere de mim uma mulher madura. Tenho ainda a criança saltitante que se esqueceu de envelhecer. Esta criança me dá a condição de amar para além de outras muitas décadas.
Virão outros bons (ou não tão bons) momentos. E é esta criança que vive dentro de mim aos sessenta anos de idade que me dará a força capaz de viver pelo amor e com amor!