Encontro
de amigos
Tereza Cristina
A
casualidade pode fazer amigos. Vai depender de nossa disposição. Muitas vezes
nos fechamos para encontros casuais e deixamos de usufruir momentos que
registrarão sentimentos bons. A alegria, a descontração, o simples prazer em
estar juntos, são decorrentes de nossas relações humanas. Ninguém sozinho pode
experimentar essas emoções que facilitam a rotina da vida.
Estamos
perdendo o hábito de aproveitar oportunidades para compartilhar nosso tempo com
pessoas, pelo simples fato de viver cada vez mais atarefados, buscando lazer em
meio de multidões, focados num mundo virtual ou simplesmente, pelo fato de nos
distanciarmos de todos os diferentes de nós.
Vivemos
em um só espaço: o planeta Terra. Se há muito pouco tempo atrás, éramos
distantes uns dos outros devido a nossa geografia, hoje, apesar das invenções
que facilitaram a comunicação rápida, nos distanciamos de nós mesmos, deixando
de cumprir o mais precioso dos deveres humanos: conviver. Ao tempo em que o
mundo ficou pequeno em decorrência do progresso, estamos esquecendo que essa
Aldeia Global não deve anular nossa pequena e próxima aldeia. É nela que
fazemos a nossa história de vida.
O
homem não é um ser que se baste em si mesmo. Nascemos para a convivência, para
a troca de linguagens, de ideias, de valores, de saberes e de afetos. Ao
interagirmos uns com os outros, crescemos em condições humanas. Para isso, não
nos basta olhar o outro, olhar o mundo. É preciso querer e saber ver, saber
perceber. No entanto, esse é um exercício diário que temos que fazer. Nada
acontece de uma hora para outra nem de uma vez por todas. É fundamental que nos
deixemos ser humanos, com os nossos possíveis erros à mostra e as
possibilidades de rompimento de nossas limitações ao identificá-los.
O
certo é que sem a convivência, não nos aproximaremos uns dos outros. Sem a
troca de diferenças, não teremos a mínima chance do exercício da tolerância. Sem
o encontro, não teremos as nossas procuras saciadas. Sem a devida compreensão
de que somos incompletos, não encontraremos no outro algo para nos completar e
ainda assim, precisarmos constantemente buscar e buscar.
É
muitas vezes na permissão de vivermos novas oportunidades, de conhecermos novas
pessoas que poderemos nos encontrar com o que mais necessitamos: a presença do
outro em nossa vida. Sem essa condição nos tornaremos isolados, limitados, não amados
e sucumbiremos na nossa própria desumanização. Já que por mais que tenhamos a
anatomia humana, nossa condição de Ser humano depende da construção que fazemos
durante a nossa vida. Principalmente no quesito do afeto.