domingo, 31 de dezembro de 2017


Quebrando a tigela
(Tereza Cristina)
 
Quando eu era criança vibrava com as festas natalinas. (Aprendi com minha mãe o valor dos ritos). Naquele tempo o consumo não era demasiado como hoje. Principalmente com relação ao vestuário. Por isso, eu esperava as quatro ocasiões mais marcantes do ano que eram: final de ano, aniversario(mês de fevereiro), Santo Antônio e São João, para usar uma roupa nova. Dessa forma, havia uma motivação a mais para aguardar tais celebrações. O ritual de manter uma aparência nova tinha um termo engraçado: "quebrar a tigela". Sempre quis entender isso melhor. Mas , a compreensão do meu contexto cultural me dava o entendimento de que era uma superstição. E que uma vez vestindo roupa Nova teria possibilidade de no Natal o galo não me beliscar e ainda conseguir um ano bom. As festas de Santos Reis eram mais fracas. Como eu era filha única até os meus sete anos, meu pai vendia tecido e minha tia Helena fazia minhas roupas, dava para ter no final do ano três vestidos (Natal, Ano e Reis). Lembro que a melhor roupa era reservada para a véspera do ano novo. Nunca entendi muito o motivo mas, assimilei esse costume e preservei por uns trinta anos de minha vida.
Hoje, aos cinquenta e nove natais por mim vividos, isso não faz falta. Aos poucos essa condição foi perdendo o sentido devido a facilidade de renovação do guarda-roupa que se tem face a industrialização. Ficaram as boas lembranças da 'Feirinha de Natal', do carrinho do trivoli, do cavalinho do carrossel, do balanço, das barcas e da onda. Memórias boas como ver o coelhinho entrando na toca do número da cartela que meu pai tinha, pra poder ganhar uma goiabada; passar em frente ao armarinho 'Tem-Tem' para ver os brinquedos que se movimentavam a custas de corda; o cheiro bom de pipoca que vinha com o vento (o mesmo que balançava meus cabelos durante a diversão na Feirinha).
Enfim, construí ao longo das estações vividas muitas lembranças de um tempo em que tudo tinha mais sentido e sabor de alegria porque havia o presente da vida no exato presente.
Todas estas divagações me dão a certeza de que tive uma ótima convivência com a minha infância. Dela ainda retiro boas reservas de risos, de esperança e de afeto. Reservas capazes de abastecer o resto da minha vida!
Por tudo isso , não canso de acreditar em melhores dias.
Agora, na virada de um novo calendário anual proponho a mim mesma fazer como nos tempos da onda e então consiga pegar uma punga nesta energia para festejar a entrada de 2018 com paz, saúde, harmonia para longevidade.

sábado, 30 de dezembro de 2017

Sentimentos meus



Sentimentos meus
Tereza Cristina


Filtrados pela impossibilidade de vim a ser,
Em mim, uns sentimentos nasceram a fórceps.
Depois, de olhos abertos, cataram letras e viraram palavras.


Ainda no berço, permitiram-se nos verbos, substantivos, adjetivos...
Com outras falas, ocuparam vácuos,
Rabiscaram papéis em forma de versos,


Antes, porém, passearam pelos meus silêncios
demoraram-se nos meus desejos
buscaram em tudo um sentido.


E, foi então que enfim, conseguiram andar
Aí viraram motivos.
Redescobriram a vida,
Contaram histórias
guardaram memórias,
e, em mim, curaram feridas.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Soneto da revelação



Soneto da revelação
Tereza Cristina

Quem não se lambuza todos os dias
Com o sabor da esperança
Esquece que o mundo dá voltas
E se deixa entristecer ...

Se então no girar do tempo,
Houver mais perdas que ganhos
O caso é se projetar
e viver bem cada instante.

Lamentar ou aprender?
Eis uma grande questão!
Fundamental é responder.

Lamentar é quase em vão.
A vida é uma boa lição.
Apenas nos cabe viver!


quinta-feira, 28 de dezembro de 2017




Festeira, dona de um charme e autoestima em decorrência do amor que compartilhou entre os seus. Dona Neuza de seu Heleno, é Patrimônio humano que a Cultura de Itabaiana perde. Quem não participou de novenas de São João na sua residência só para depois dançar forró com um possível pretendente? Isso na década de 60. Eu tinha meus dez anos quando sua nora, Suzana (ainda namorada de seu filho Zé Elson) era nossa vizinha e me levava. Pela minha pouca idade o que me atraia mais era o show de Zabumbeiros que louvavam ao Santo que anunciou a vinda do Messias. Em sua atitude, talvez inconsciente, preservava um conhecimento em favor de sua devoção. Ao final do nono dia organizava um passeio matutino para a busca do mastro e um piquenique com jovens de nossa cidade. Aos poucos vamos perdendo nossas raízes... Enquanto AIL, cabe-nos ao menos preservar a nossa história...

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017


Dores silenciadas
(Tereza Cristina)

Perguntei ao silêncio outro dia:
- Para que servem tantas dores?
O silêncio fez um barulho
E não quis me responder.
Foi então que descobri:
 as dores não são iguais.

Há dores constantes
que nos ensinam a gemer.

Outras, são religião
e nos fazem meditar.

Há dores que doem por dentro
num alvoroço profundo
que velam pelas ausências
e  somem nas curvas do tempo.

São dores silenciadas
que não se pode comungar.
São metamorfoses da alma.

São dores que envelhecem conosco
E aos poucos se fragilizam
como esquecidas do mundo
viram histórias de vida.






segunda-feira, 18 de dezembro de 2017




Como por Encanto

(Tereza Cristina)



   Existem momentos

   Intensos e belos

   Com a validade

   De amigos por perto!


São ricos em afetos

Afagos sinceros

Largos sorrisos

E  melodias do silêncio.



Momentos de horas a fio

Vividos sem pressa.

Retidos na memória

Da nossa história.



Como se fosse canção

Fazem das palavras

Poemas que dançam

No ritmo do coração.



Esses momentos

Surgem por encanto

Sedam nossas dores

E aproximam amores.