segunda-feira, 30 de outubro de 2017




        

     Lição da sabedoria

(in: Vida-Lida.Tereza Cristina Pinheiro Souza.Infographics.2016)
 
Por vezes infantil
Me pego debruçada em medos
Fingindo ser gente grande
E me ponho a indagar:

Passaram-se tantas estações
E eu nem percebi...

No espelho, o tempo responde quantas...
Há mudanças em minha face
Mas o mesmo brilho no meu olhar...

Os sonhos?!
Ainda os tenho aqui.
Ainda há ilusões a cultivar.

Até onde a verdade alcança
Meu Ser flui como criança
E a esperança não cessa de me sorrir!

sábado, 28 de outubro de 2017



IV Bienal /2017 - Itabaiana

Festa boa é assim: mesmo sem uma gota de álcool nos embriagamos de prazer!
Não poderia ser melhor a sensação do depois...
Lembrança do movimento de olhos e risos, vendo, ouvindo e lendo...
 Teve também os curiosos...
Estes levarão mais tempo...
Mas, é apenas uma questão de tempo. 
O Vida-Lida agradece!
Tereza Cristina







domingo, 15 de outubro de 2017





Instinto de sobrevivência:

Aprendi com a vida
a colorir a primavera
enquanto ela não vem...
Tereza Cristina

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

 
Ah! A primavera!
Tereza Cristina
          Há muito tempo, Nicolau Sevecenko falou que "Há uma sensação geral de que as coisas já não funcionam como costumavam e que os projetos aos quais dedicavam a melhor parte de nossas vidas já não fazem sentido. Mais que isso: o acervo de conceitos, a carga de conhecimentos a partir dos quais retirávamos ou introduzíamos significado nas coisas do mundo, não parecem mais eficazes.
O que se passa, afinal?”.
 Acredito que Paulo Freire responde bem a essa pergunta com a ideia de que o homem, como um ser histórico, inserido num permanente movimento de procura, faz e refaz constantemente  o seu saber.
E, Cecília Meireles, na linguagem poética, reforça que "A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la”.
Segundo meu amigo Edésio Vieira, “A primavera não é gerada na primavera. Ela é gerada, e nasce na escuridão fria do inverno. Na solidão das noites de inverno, lá, escondida no seio da terra. E os homens depois se encantam com sua explosão de cor e luzes sem saber que tudo aquilo estava sendo milagrosamente gerado... Nas noites e escuridão do inverno. Bendito e maravilhoso inverno que escondido humildemente e no silêncio dos dias gera nas suas entranhas a Primavera que vem sempre e sempre porque existe o inverno gravido da primavera. Amo o inverno porque me oferta a primavera, amo porque é o sagrado, o oculto, a mãe gravida, é o divino silencioso e sagrado construindo e tecendo a vida oculta dos olhos dos homens dentro de tudo como é o grande espírito de Deus.”. 
E eu achei uma explicação tão necessária aos dias atuais que então lhe respondi:
- É mesmo! Eu também costumo prestar atenção nas dores. Tento não me deixar asfixiada por elas e visualizar um depois mais bonito... Tento assim aprender mais, sofrer menos e manter a esperança ativa dentro de mim.  


quarta-feira, 11 de outubro de 2017



De 6 meses aos 10 anos de idade..
 

Uma infância sadia que me dá forças pra enfrentar os percalços da vida!



"O que você quer ser quando crescer? 
- perguntou-me certa vez vovó Ceça e eu lhe respondi:
- Grande!
Não contente com a resposta ela disse de novo 
- sim, você vai ficar grande, mas o que quer ser?
e eu lhe respondi subindo em uma cadeira e dizendo: 
-Não é grande assim no tamanho não, vovó, é aqui... ( e apontei com o indicador para minha cabeça.)
  Ela ficou assustada com a minha resposta e depois contou isso para minha mãe dizendo: 
- Maria minha filha, tome cuidado com essa menina, ela tem umas respostas que me dá medo."

  Por muito tempo, ouvi essa conversa contada por minha avó a muita gente, e eu nem entendia...

... que pretensão, a minha, viu?!



A infância

(in: Vida-Lida. Tereza Cristina Pinheiro Souza. Editora Infographics . 2016.)

Entrada da vida!
Estação: criança.
Mundo lindo de sonhos que aguarda ingenuamente os acontecimentos.
Brinquedos, brincadeiras, risos e travessuras.
Marcas de um tempo infantil, tempo que prepara os homens do amanhã...
Como o palhaço faz a festa no circo!
Como é bom!
Domingos no parque, pipoca, algodão doce, balas, pirulitos, gritarias e apitos...
Mãos sujas, de tanto pegar em tudo.
Rostos suados, de tanto correr...
Falas, folia, alegria...
Tudo é o que ocorrer (...)
O momento é o presente!
Tudo o que se vê, o que se ouve... Guarda-se.
Por isso, atenção, adultos!
Nas cabeças, ficarão os pensamentos do que fora ensinado,
Mas é nos corações que a vida buscará os afetos recebidos.
Crianças,
Venham à infância!
Isto é,
Adultos,
Vejam se entendem...






"A cada dia me convenço
Sou plural...
São tantas pessoas que em mim habitam...
E quando elas resolvem divergir,
Aí então é que me multiplico mesmo.
Sou singular também,
Porque a multiplicidade me refaz a cada dia (...) "

 in: Vida-Lida. Tereza Cristina Pinheiro Souza. Editora Infographics. 2016.

terça-feira, 10 de outubro de 2017





Armarinho “Tem-Tem”: um lugar encantado!
Tereza Cristina
          Quanta saudade do tempo da Feirinha de Natal!
Talvez esta saudade não seja por acaso. Lembranças invadem o agora como se fosse um sonho!
O mês era dezembro. O céu azulado coloria a vida com a luminosidade âmbar do sol e, quando anoitecia, dava visibilidade às estrelas reluzentes.  A nitidez do firmamento era uma lente de aumento a promover emoções. O clima quente do fim de Primavera favorecia celebrações ao ar livre. Pessoas vestiam-se melhor e cruzavam ruas e esquinas para exibirem seu contentamento quando se encontravam. E todos apesar de conhecidos agiam cerimoniosamente como se houvesse um longo tempo que se viram.
Embalados nessa euforia do tempo de Natal, crianças saltitantes de felicidade, seguravam as mãos de seus pais em busca de um passeio a pé.  Como brinde, sempre recebiam guloseimas de então. Algodão doce, pirulito de mel de abelha e pipoca faziam a gurizada se contentar.
Estava para entrar o terceiro ano da década de sessenta. Época dos anos dourados! Itabaiana era uma cidadezinha de interior com um tímido comércio que ocupava os arredores do Largo Santo Antônio que em dias de sábado abrigava a feira livre.  A vida pacata de sua gente dava impressão de certa tranquilidade.
Um lugar encantado, cheio de vitrines coloridas por luzes que piscavam lentamente e ajudavam a simular o movimento de brinquedos, aguardava por clientes. Era o shopping que tínhamos! Funcionava em uma casa de esquina com muitas portas, uma para cada balcão. Apesar de tantas novidades, a minha memória visual de criança, conservou as ludicidades nele existente.
O que mais chamava a minha atenção eram as bonecas lindas que ficavam em pé dentro das caixas protegidas por um papel celofane. Elas sorriam como que cumprimentavam os visitantes; pareciam ter vida. As da marca Estrela eram as mais cobiçadas porque conseguiam ter muita semelhança com gente. Além de lindas e risonhas, falavam, andavam e viravam a cabeça.  Favoreciam o sucesso daquelas vitrines que também exibiam brinquedos de corda para encher de vontade os olhos da criançada.
  Contemplar aquelas vitrines era um bom motivo de querer passear. Algumas vezes ficávamos por um bom tempo apenas observando! Logo, logo, aparecia seu Fefi, idealizador e dono daquele lugar que encantava a todos! Além de ser o dono, era uma pessoa  convidativa; tinha uma presença de espírito para deixar o ambiente encantado! Sempre de bem com a vida, cumprimentava a todos com empolgação e, assim, conquistava seus fregueses. Dedicava uma atenção maior às crianças que vidravam os olhos nos brinquedos imaginando adquirir algum. Comunicava com a alegria verdadeira que não vendia simples mercadorias, mas ilusões infantis.
No tempo de Natal o lugar era sugestivo para a espera do Papai Noel. Carinhosamente, financiava uma passagem do Polo Norte só para animar as festas natalinas da cidade. Bem no alto da parede do lado de fora da edificação, letras com lâmpadas coloridas denominavam: Armarinho "Tem-Tem"! Sei bem que para os adultos importavam os lindos enfeites que ali poderiam encontrar, mas para a memória de uma criança nada, nada importava mais que os brinquedos exibidos naquelas vitrines.
Passaram-se tantos Natais e essa imagem nunca foi por mim esquecida!