Rasgando
o tempo
Tereza Cristina
Quando
tudo fica difícil me vejo tão pequena e então me lembro do que foi chegar até
aqui.
Pareceu que
foi há instantes atrás: brincadeira de bonecas, esconde-esconde, colo de mãe...
E eu, tão entretida nas ilusões, nem percebi que o tempo passou!
Tenho o hábito de viver o tempo em profundidade por isso não costumo contar os dias, semanas, meses e anos... Mas, o fato é que o tempo não espera. Apesar disso, como um efeito de magia, ele não conseguiu tirar de mim ocasiões vividas com intensidade e com amorosidade. Delas, tiro proveito. Com minha memória afetiva alimento os meus sonhos deixando o momento presente sempre mais bonito. Dessa forma aprecio a vida que no girar nos seus ciclos vai emoldurando cenas que ficam mais coloridas quando vistas à distância.
Tenho o hábito de viver o tempo em profundidade por isso não costumo contar os dias, semanas, meses e anos... Mas, o fato é que o tempo não espera. Apesar disso, como um efeito de magia, ele não conseguiu tirar de mim ocasiões vividas com intensidade e com amorosidade. Delas, tiro proveito. Com minha memória afetiva alimento os meus sonhos deixando o momento presente sempre mais bonito. Dessa forma aprecio a vida que no girar nos seus ciclos vai emoldurando cenas que ficam mais coloridas quando vistas à distância.
Este movimento do tempo inquieta o
olhar e transforma o simples 'ver' em um cuidadoso 'perceber', ampliando assim o
horizonte.
Sem o passar do tempo não haveria esse painel de situações vividas. Não se teria um olhar mais apurado que percebe o bonito, não se ouviria os sons da alegria que saem do coração.
Essas alegrias não se explica. Até podemos com palavras guardá-las. Por isso se escreve.
Sem o passar do tempo não haveria esse painel de situações vividas. Não se teria um olhar mais apurado que percebe o bonito, não se ouviria os sons da alegria que saem do coração.
Essas alegrias não se explica. Até podemos com palavras guardá-las. Por isso se escreve.
Mas, se escrever
o que pensamos pode ser útil, é no registro
dos nossos sentimentos que encontramos o sentido maior de tudo o que vivenciamos. Mesmo quando tem um toque de melancolia.
dos nossos sentimentos que encontramos o sentido maior de tudo o que vivenciamos. Mesmo quando tem um toque de melancolia.
Pode
parecer escuridão o que a melancolia traz. Mas é dessa sensação de desânimo que
vem a descoberta do que nos falta, do que nos alegra. Nisso, surge uma luz. Ao
menos um ponto de luz. Essa luz que
clareia a consciência para o essencial da vida. Alcancamos esta luz na nossa propria estrela. Todos têm uma estrela. Mesmo
que distante, a estrela de cada um existe. Basta dar passagem à
esperança e perceber o seu brilho. Depois com o tempo tudo será compreendido.
Para não perder de vista essa Luz é que existe a palavra. Escrever
o sentir e o pensar sobre o passar do tempo, é mais que guardar a vida. É adquirir
uma reserva capaz de abastecer o calor humano nas ocasiões de ausências.
Agora,
neste silêncio, folheando mentalmente o painel de momentos, rasguei o tempo e à
certa distância percebi que eles denunciam uma história. E que as mais proveitosas lições são tiradas de momentos quando tudo parecia desencanto.