quarta-feira, 20 de junho de 2018

O caminho do existir!



    O caminho do existir!  (Por Tereza Cristina)

Tempo, tempo, tempo...
Nossa vida dentro dele fica com pouco espaço.
A geografia é puramente uma invenção do homem.
Eu às vezes invento datas que ficam como os grãos da história de "João e Maria", servindo de trilha pra uma possível volta.
Existem também as que realmente existiram e ao debruçar-me sobre algumas, paradoxalmente se tornam singularmente mais distantes que as do meu imaginário...
procuro então, saber qual me faz mais feliz, e sinto "o aqui e o agora" como resposta.
 Assim, a trilha não tem serventia alguma a não ser pra fazer o caminho existir!
A vida é bem maior que o tempo...
                                                                                   
Esta época na qual vivemos
Nos faz apreensivos
Com tanta velocidade e inovações
E coisas como terceira dimensão...
Pois é!
A gente fica até cansado com a teoria do Einstein.
É preciso relaxar , aliviar as tensões...
Porque, por mais que haja o progresso
Ou coisas ainda a serem provadas
Os simples fatos da vida     
Não podem ser negados...

terça-feira, 12 de junho de 2018

Para além do retrovisor



Para além do retrovisor
Tereza Cristina

Estamos no coração do Sergipe, bem no meio de muitas serras. Mas, é a maior delas quem dá o ar da graça. Toda imponente, lá do alto se vê até os mares do Atlântico que banham Aracaju. Lá de cima, a capital é somente uma maquete distante um pouco menos de sessenta quilômetros de nossa cidade: a “Pedra Bonita”, a Itabaiana! A bendita terra que Santo Antônio abraçou, abençoando os homens de coragem, os desbravadores, os empreendedores.
É junho de 2018. Quase duas décadas de um novo milênio. É tempo de festa e de remoer lembranças dos antepassados através da fé. O sagrado e o profano se juntam para celebrar o jeito próspero de viver. Enquanto os fiéis rezam as treze novenas, o movimento dos negócios aumenta no lugar. Vem gente de toda parte. Gente que aqui nasceu, gente que aqui morou e gente que nunca sequer ouviu daqui falar. Gente trazida pelos novos ventos nos ares da serra.
Enquanto aqui a vida ainda preserva valores, alarga os passos querendo alcançar os novos tempos. Há muito os tempos são outros. Primeiro eles chegaram por ouvir falar, pelas histórias contadas pelos que daqui saíram e voltaram do mundo de lá. Depois, pelas fitas de cinema, pela voz do rádio, pela imagem da TV, pelo fio do telefone e, agora, pelo mundo cibernético. Foi-se o tempo do isolamento. Mas mesmo assim persistimos em ser uma Aldeia. Aceitamos o progresso, mas resistimos à educação. Assimilamos bem menos que conseguimos fazer. Somos os que fazem. Lembrando ‘Bom Conselho’ do Chico Buarque, somos do tipo “age duas vezes antes de pensar”. E somos os que sem muita, ou quase nenhuma ciência, ensinam. Os que vivem no modo “devagar é que não se vai longe”. Por isso logo cedemos aos avanços e também resistimos ao refinamento. Nossa gente é tão forte que, apesar de aos poucos nos permitirmos viver no modo globalizado, impregnaremos nossa marca em tudo que aqui chegar.
Se os tempos são outros, na essência, estamos ainda vivendo no mesmo modo da velha Loba, que usa a passionalidade para se orgulhar de si mesma.

segunda-feira, 4 de junho de 2018

Vá com DEUS, professora Ada!


Vá com DEUS, professora Ada!

O ano era1977. Tínhamos que escolher uma especialização no curso de Pedagogia. A graduação paralela a um curso de especialização me fez optar pelo mundo da gestão. Naquela época, trazíamos o modelo de Taylor e Fayol para organizar a estrutura escolar. Algo nele me incomodava. Acho que o excesso de técnicas e a pouca humanização no processo. Mas, a visão por mim extraída sucedeu em uma leitura crítica que só foi possível pela condução das aulas de Administração Escolar proferidas com esmero pela então professora Ada Augusta. A responsabilidade na transmissão dos conteúdos se ajustava à abertura para diálogos e questionamentos que me aliviava o bastante diante da tarefa exaustiva de assimilação de um grande volume de assuntos.
Seu nível de profissionalismo e referência ética fora bastante para que nossa turma a escolhesse como Patrona na formatura de dezembro/1979.
Posteriormente, em um evento estadual de gestão escolar, nos encontramos e vi seus olhos brilharem ao me vê. Nessa época, desempenhava a função de Secretária de Educação do Município de Aracaju. Contou-me com empolgação que tinha formado uma equipe de ex-alunos para sua assessoria pedagógica direta e me fez um convite para que eu integrasse aquele grupo. Muito honrada, agradeci a sua consideração e disse-lhe que tinha outros planos em minha própria cidade, Itabaiana.
 De novo voltamos a nos cruzar. E dessa feita em um curso de capacitação docente na UNIT. Lá ela também ocupava um cargo de destaque coordenando o Núcleo Pedagógico e percebi que apesar do caminho percorrido até o quase pós-doutorado, ela me parecia a mesma pessoa acessível de antes, com a mesma vontade de acolher. Mas, algo me pareceu bem maior: tinha outro discurso, com a visão da Complexidade do Edgar Morin.
Provavelmente não teria parado por aí. Era uma sedenta dos estudos. Uma apaixonada pela educação. Seu caminhar distribuiu aos que nele foi encontrando toda motivação para buscar o aprimoramento. A excelência era sua marca. Se não atingiu foi por sempre querer mais. Ao seu modo, contribuiu e fez valer seus passos na história da educação do nosso estado.
Recentemente, no mundo virtual trocamos alguns comentários sobre a postagem que fiz usando a foto do dia de minha formatura. Ela revelou a felicidade em ter sido lembrada e demonstrou o respeito que tinha pela nossa turma. Aquele pouco instante me deu a impressão de que sua memória afetiva não tinha sido contaminada pelos títulos acadêmicos que adquiriu. Estava eu ali conversando à distância, por uma rede social, com a mesma pessoa que conheci no tempo de UFS quando eu tinha apenas dezenove anos de idade.
Neste momento em que seu corpo inerte parece ter cedido espaço ao vazio, demonstra apenas que  as ideias, os sentimentos é que lhe farão eterna. Em um plano mais elevado caminhará e continuará a crescer.
Que a Luz Perpétua a ilumine, mestra!