Vá com DEUS, professora Ada!
O ano era1977. Tínhamos que
escolher uma especialização no curso de Pedagogia. A graduação paralela a um
curso de especialização me fez optar pelo mundo da gestão. Naquela época,
trazíamos o modelo de Taylor e Fayol para organizar a estrutura escolar. Algo
nele me incomodava. Acho que o excesso de técnicas e a pouca humanização no
processo. Mas, a visão por mim extraída sucedeu em uma leitura crítica que só
foi possível pela condução das aulas de Administração
Escolar proferidas com esmero pela então professora Ada Augusta. A
responsabilidade na transmissão dos conteúdos se ajustava à abertura para
diálogos e questionamentos que me aliviava o bastante diante da tarefa
exaustiva de assimilação de um grande volume de assuntos.
Seu nível de profissionalismo e referência ética
fora bastante para que nossa turma a escolhesse como Patrona na formatura de
dezembro/1979.
Posteriormente,
em um evento estadual de gestão escolar, nos encontramos e vi seus olhos
brilharem ao me vê. Nessa época, desempenhava a função de Secretária de
Educação do Município de Aracaju. Contou-me com empolgação que tinha formado
uma equipe de ex-alunos para sua assessoria pedagógica direta e me fez um
convite para que eu integrasse aquele grupo. Muito honrada, agradeci a sua
consideração e disse-lhe que tinha outros planos em minha própria cidade,
Itabaiana.
De novo voltamos a nos cruzar. E dessa feita
em um curso de capacitação docente na UNIT. Lá ela também ocupava um cargo de
destaque coordenando o Núcleo Pedagógico e percebi que apesar do caminho
percorrido até o quase pós-doutorado, ela me parecia a mesma pessoa acessível
de antes, com a mesma vontade de acolher. Mas, algo me pareceu bem maior: tinha
outro discurso, com a visão da Complexidade do Edgar Morin.
Provavelmente
não teria parado por aí. Era uma sedenta dos estudos. Uma apaixonada pela
educação. Seu caminhar distribuiu aos que nele foi encontrando toda motivação
para buscar o aprimoramento. A excelência era sua marca. Se não atingiu foi por
sempre querer mais. Ao seu modo, contribuiu e fez valer seus passos na história
da educação do nosso estado.
Recentemente,
no mundo virtual trocamos alguns comentários sobre a postagem que fiz usando a
foto do dia de minha formatura. Ela revelou a felicidade em ter sido lembrada e
demonstrou o respeito que tinha pela nossa turma. Aquele pouco instante me deu
a impressão de que sua memória afetiva não tinha sido contaminada pelos
títulos acadêmicos que adquiriu. Estava eu ali conversando à distância, por uma rede social, com a
mesma pessoa que conheci no tempo de UFS quando eu tinha apenas dezenove anos de
idade.
Neste momento em que seu corpo inerte parece ter cedido espaço ao vazio, demonstra apenas que as ideias, os sentimentos é que lhe farão eterna. Em um plano mais elevado caminhará e continuará a crescer.
Que
a Luz Perpétua a ilumine, mestra!