segunda-feira, 4 de junho de 2018

Vá com DEUS, professora Ada!


Vá com DEUS, professora Ada!

O ano era1977. Tínhamos que escolher uma especialização no curso de Pedagogia. A graduação paralela a um curso de especialização me fez optar pelo mundo da gestão. Naquela época, trazíamos o modelo de Taylor e Fayol para organizar a estrutura escolar. Algo nele me incomodava. Acho que o excesso de técnicas e a pouca humanização no processo. Mas, a visão por mim extraída sucedeu em uma leitura crítica que só foi possível pela condução das aulas de Administração Escolar proferidas com esmero pela então professora Ada Augusta. A responsabilidade na transmissão dos conteúdos se ajustava à abertura para diálogos e questionamentos que me aliviava o bastante diante da tarefa exaustiva de assimilação de um grande volume de assuntos.
Seu nível de profissionalismo e referência ética fora bastante para que nossa turma a escolhesse como Patrona na formatura de dezembro/1979.
Posteriormente, em um evento estadual de gestão escolar, nos encontramos e vi seus olhos brilharem ao me vê. Nessa época, desempenhava a função de Secretária de Educação do Município de Aracaju. Contou-me com empolgação que tinha formado uma equipe de ex-alunos para sua assessoria pedagógica direta e me fez um convite para que eu integrasse aquele grupo. Muito honrada, agradeci a sua consideração e disse-lhe que tinha outros planos em minha própria cidade, Itabaiana.
 De novo voltamos a nos cruzar. E dessa feita em um curso de capacitação docente na UNIT. Lá ela também ocupava um cargo de destaque coordenando o Núcleo Pedagógico e percebi que apesar do caminho percorrido até o quase pós-doutorado, ela me parecia a mesma pessoa acessível de antes, com a mesma vontade de acolher. Mas, algo me pareceu bem maior: tinha outro discurso, com a visão da Complexidade do Edgar Morin.
Provavelmente não teria parado por aí. Era uma sedenta dos estudos. Uma apaixonada pela educação. Seu caminhar distribuiu aos que nele foi encontrando toda motivação para buscar o aprimoramento. A excelência era sua marca. Se não atingiu foi por sempre querer mais. Ao seu modo, contribuiu e fez valer seus passos na história da educação do nosso estado.
Recentemente, no mundo virtual trocamos alguns comentários sobre a postagem que fiz usando a foto do dia de minha formatura. Ela revelou a felicidade em ter sido lembrada e demonstrou o respeito que tinha pela nossa turma. Aquele pouco instante me deu a impressão de que sua memória afetiva não tinha sido contaminada pelos títulos acadêmicos que adquiriu. Estava eu ali conversando à distância, por uma rede social, com a mesma pessoa que conheci no tempo de UFS quando eu tinha apenas dezenove anos de idade.
Neste momento em que seu corpo inerte parece ter cedido espaço ao vazio, demonstra apenas que  as ideias, os sentimentos é que lhe farão eterna. Em um plano mais elevado caminhará e continuará a crescer.
Que a Luz Perpétua a ilumine, mestra!



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